Como torcedor do Palmeiras invadiu o Allianz para entregar convite de casamento a Abel Ferreira com apoio da noiva corinti…

Erick invadiu o gramado do Allianz Parque na final do Paulista e entregou um…

Arquivo pessoal Erick de Barros

O engenheiro Erick de Barros, 28, não chegou a lamentar a expulsão de Abel Ferreira na estreia do Palmeiras no Campeonato Brasileiro, no último sábado (15). Tão fanático pelo clube quanto pelo trabalho do português à frente do time, ele viu ali a chance de seu sonho se realizar: receber o treinador no próprio casamento, no próximo domingo (23), em São Paulo.

O convite foi entregue a Abel Ferreira há dez dias, quando o Palmeiras conquistou o título paulista sobre o Água Santa. Erick foi ao Allianz ciente de que era uma missão impossível. Dependia do time ser campeão, dele invadir o campo e depois ficar diante cara a cara com o treinador.

“Eu já tinha invadido o campo na conquista do Brasileiro e vi que era possível. Na final do Paulista invadi de novo e fiquei bem perto dele. Esperei diminuir a movimentação, tinha até fila para tirar foto, e disse: 'Licença Abel. Parabéns pelo título. Tenho um convite'. Ele falou 'Não, não'. No sentido de que o casamento é algo sério. Aí falei: 'É super importante pra mim. Sei que é difícil você ir, no mesmo dia tem jogo contra o Vasco, mas quero um dia mostrar aos meus filhos. Ainda mais que tem uma disputa em casa. Vou falar: 'Olha filho, papai entregou o convite de casamento para o Abel Ferreira, o maior técnico do Palmeiras. Olha como o Palmeiras é legal'”, disse Erick.

A arquiteta Evilym Oliveira, 26, é a noiva de Erick. A disputa em casa é com ela porque ela é fanática pelo Corinthians e há algum tempo vinha convivendo com o sonho do noivo.

“No começo fui levando na brincadeira. Ele sempre falou do Abel. No desenvolvimento do casamento, fazendo os convites, ele dizia: 'Tem que deixar um para o Abel'. Todos que convivem com a gente falam: 'Se o Abel for é capaz do Erick largar a Evilym'. 'Será que ele vai chorar por causa da Evilym? Não, ele vai chorar por causa do Abel'”, disse Evilym à reportagem.

Mas, apesar de muito corintiana, ela também teve um papel fundamental para que o convite fosse parar nas mãos de Abel. Afinal, mesmo sonhando alto, o noivo hesitava.

“Não é tão simples. Por dentro era aquela coisa: 'Eu vou fazer, não vou conseguir e vou me frustrar'. Eu sou o mais pé no chão no nosso relacionamento, enquanto ela é ‘eu quero, eu faço, eu consigo'. Aí ela começou a falar: 'Você quer? Então vai atrás'”, disse Erick.

“Naquele dia da final, tinha muita coisa pra resolver do casamento, era domingo de Páscoa, mas ele queria ir ao jogo. Então, eu falei: 'Tá bom, vai, leva o convite e vai'”, disse Evilym.

Ela soube da felicidade de Erick por meio de fotos e vídeos que ele não parou de registrar assim que alcançou o objetivo. O palmeirense também ficou impressionado com o respeito do treinador.

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“Ele começou a andar pelo campo e a atender os jornalistas. Quando uma pessoa ia abraçá-lo, ele mudava o convite de mão para não amassar. Ele demonstrou uma preocupação. Eu fiquei abismado com essa atitude. Comecei a filmar pra mostrar pra ela: 'Ele tá com meu convite, tá com meu convite'. Depois, a filha dele perguntou o que era aquilo. Ele falou 'Fui convidado para um casamento'. Aí ele entregou para a esposa guardar na bolsa. A história parou aí. Fiquei dentro do campo olhando pro estádio, bobo com tudo aquilo e mandei para a Evilym”, disse Erick.

“Ele ficou bobo, louco. Falava: 'Olha ele com meu convite andando, ele até protege, anda de um lado para o outro com o convite. Ele não queria pegar porque disse que era um negócio muito sério, mas depois pegou e agora não larga mais', completamente apaixonado”, disse Evilym.

Hoje, Erick está com os pés no chão. Sabe que Abel Ferreira é uma pessoa de grande notoriedade pública. Seria difícil imaginá-lo no casamento. Sabe também que a agenda do futebol não dá trégua. Mas a expulsão contra o Cuiabá acendeu uma chama de esperança. Afinal, o treinador terá de cumprir suspensão automática contra o Vasco, no Rio de Janeiro, dia 23.

Para quem já foi tão longe, não custa sonhar com a presença de Abel no próprio casamento.

“Se o homem aparecer acabou a festa”, disse. “Eu ia falar pra ele entrar, sentar na primeira fileira. Ia deixar ele escolher a cadeira e pedir uma preleção antes do casamento para ele falar o que o casamento precisa ter para ser feliz. Ia ser ser assim”, completou, aos risos.

Dérbi em casa

Erick e Evilym eram estudantes universitários quando se conheceram na Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Guarulhos, no início de 2017. Na época, eles participavam de uma ação social chamada 'Desbravadores', com crianças de 10 a 15 anos. Ele já sabia que ela corintiana, assim como ela há sabia que era palmeirense. O fanatismo de ambos até tornou o futebol tema das primeiras conversas. E o amor de Erick o motivou a tentar uma loucura.

“No nosso primeiro Dia dos Namorados, como ela nunca tinha ido em um estádio, eu a levei para ver Corinthians x São Paulo, em Itaquera. Qual era meu intuito? Depois puxar ela para o Allianz para ela me fazer companhia”, disse Erick.

“Eu não acreditei que seria enganada, mas eu fui. Ele me levou só para me enganar, só para dizer 'Ah, eu vou ver o Corinthians e depois você vai comigo no Palmeiras'. Depois tava toda semana no Allianz com ele”, completou Evilym.

As diferentes paixões no futebol não impediu que construíssem uma relação saudável em torno do futebol, embora com algumas exceções necessárias para não afetar a paz. "Quando eu comecei a namorar o Erick, eu comecei a não querer acompanhar mais porque ele é tão fanático que me irritava. Era como se a gente fosse viver 100% do nosso tempo com futebol. 50% do meu lado, e 50% do dele. Futebol para ele é cotidiano. Ele não gosta de assistir o jogo com ninguém, principalmente se for alguém cornetando. Eu gosto de cornetar, de provocar. Eu também fico triste quando o Corinthians perde, mas lido bem de boa. Ele, não”, disse Evilym.

Ela também tem trabalho dobrando em não deixar que a paixão do noivo pelo Palmeiras acabe refletindo em decisões futuras do casal. Como os nomes de filhos, por exemplo.

“Ele já sugeriu Marcos, Valdivia, queria colocar Abel. Falei não, de jeito nenhum. Outro dia ele sugeriu Eduardo. Achei legal. Gostei. Mas resolvi pesquisar e aí vi que era por causa do Dudu. Preciso até ficar atenta porque ele sempre tenta um nome ligado ao Palmeiras”, disse Evilym.

Mas nem tudo ela barra. Prova disso é que a cerimônia de casamento terá um toque alviverde, com ou sem a presença de Abel Ferreira pelo Palmeiras.

“A música, a minha entrada, está definida há uns três meses. Vai tocar a primeira estrofe da Champions League e depois o hino do Palmeiras. Mas não rolou ter sinalizadores verdes na saída porque atrapalharia as fotos. Mas ainda quero colocar uma bandeira do Palmeiras”, disse Erick.

Próximos jogos do Palmeiras

Vasco (F) - domingo (23/04), 16h - Brasileirão

Tombense (F) - quarta-feira (26/04), 20h - Copa do Brasil

Corinthians (C) - sábado (29/04), 18h30 - Brasileirão

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