Lance do jogo de ida da final do Campeonato Carioca, entre Botafogo e Vasco: CBF fez testes do "Árbitro de Vídeo" no jogo, mas sem comunicação com o árbitro principal (Foto: André Durão/ Globoesporte.com)
A CBF ainda não desistiu. Por mais que a Fifa sinalize que vá liberar o uso do vídeo no futebol somente em 2017, a Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf) ainda tem esperanças de conseguir a autorização para que comece o uso já em agosto. Na próxima semana, membros da Conaf irão à Holanda para um workshop destinado aos países interessados na tecnologia. Na ocasião, os brasileiros esperam convencer a Fifa de que estão preparados para dar o pontapé inicial, como diz Sérgio Corrêa, presidente da Conaf.
– A Fifa definiu que seria só em 2017. Estão dizendo que a CBF está mentindo ao falar que pode ser em agosto. Não. Nós só estamos tentando mostrar à Fifa que temos condições de iniciar. Só isso. Vamos tentar uma condição especial. Vamos para a Holanda, vamos ver o projeto deles e vamos continuar tentando até o último minuto para que inicie em agosto.
Estamos trabalhando nisso há seis meses, temos mapeamento de todos os estádios, tudo está pré-estabelecido. Falta só a autorização. Se não sair, vamos ter mais tempo para preparar. Não estamos com pressa, é projeto antigo, temos tudo preparado – declarou Corrêa.
Mesmo sem a resposta positiva da Fifa, a CBF já se antecipou. A entidade já realizou testes com os equipamentos para o projeto chamado “Árbitro de vídeo”. A primeira experiência, ainda sem comunicação com o árbitro principal, ocorreu no jogo de ida da decisão do Campeonato Carioca, entre Vasco e Botafogo, no Maracanã, e teve apoio da Ferj. A intenção é fazer mais testes, até mesmo com o envolvimento do juiz em campo. No entanto, tais avaliações deveriam acontecer em amistosos ou jogos amadores. A CBF espera usar os torneios de base.
No único teste feito até agora, o autor do projeto, Manoel Serapião, foi o responsável por liderar o experimento. Ele assumiu o papel de árbitro de vídeo ao analisar, instantaneamente, possíveis jogadas que teriam que ser analisadas no clássico entre Vasco e Botafogo. Serapião, que é diretor-técnico da Escola Nacional de Arbitragem, também crê que o futebol brasileiro já esteja preparado para incorporar a novidade.
– Nós estávamos no Maracanã, mas em uma unidade móvel. Não estávamos no campo de jogo. O árbitro (de vídeo) não precisa ficar no campo, até porque para ficar no campo seria complicado. A experiência foi extremamente válida. Podemos traçar uma diretriz mais real do que imaginávamos. Criamos um protocolo de atuação.
Teremos alguns impactos substanciais na partida e estamos indo para Amsterdam para discutir o protocolo. Estamos criando sinais para o árbitro indicar quando ele souber da decisão após a consulta no vídeo. Um exemplo seria um sinal para indicar se foi gol ou não em um lance duvidoso – comentou Manoel.
Segundo o presidente da Comissão de Arbitragem, Sérgio Corrêa, a CBF não irá divulgar em quais partidas os testes serão feitos. Ele assegurou que as cabines onde o árbitro de vídeo e seu assistente trabalharão serão monitoradas. O material e local para treinamentos dos árbitros, além de uma lista com os possíveis nomes para ocuparem a função já foram criados. Falta apenas a autorização da Fifa.
– Só não faremos em agosto por determinação da Fifa, mas vamos continuar trabalhando. A estrutura não é simples, mas o trabalho é. O vídeo não vai acabar com erros. No próprio teste que fizemos, tivemos duas situações no jogo que não tínhamos a imagem. Às vezes acontecem situações que fogem do nosso controle. Mas foi muito satisfatório esse primeiro evento. Tudo estava sendo feito no papel, tivemos várias reuniões, testes mentais, e agora já temos uma base melhor para seguir trabalhando – definiu Sérgio.
O recurso do vídeo será permitido somente em quatro ocasiões: para determinar se um gol foi marcado, em casos de expulsão, marcações de pênalti e para identificar um determinado jogador, caso haja suspeita de punição equivocada a um atleta.
A tecnologia não servirá para lances de impedimento, a menos que seja uma clara situação de gol. Segundo Corrêa, técnicos, jogadores ou qualquer membro de comissão técnica não poderão requisitar a revisão de um lance. A decisão partirá apenas do árbitro principal. O orçamento total previsto é entre R$ 12 e R$ 15 milhões.
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