Guiado pelos pais cegos e monitorado pelo Palmeiras: conheça Wesley e suas superações

3/10/2016 12:21

Guiado pelos pais cegos e monitorado pelo Palmeiras: conheça Wesley e suas superações

POR GABRIEL CARNEIRO

Guiado pelos pais cegos e monitorado pelo Palmeiras: conheça Wesley e suas superações

Ronaldo e Célia Regina acordam bem cedo diariamente. Para você ter noção, o Wesley, que é filho deles, muitas vezes precisa levantar da cama às 6h40 e quase nunca vê os pais de manhã porque eles já saíram. O casal rala diariamente na feira de Ribeirão Preto como vendedores de rifa – naquele velho esquema que todos já conhecem: os participantes compram números em troca da chance de ganhar um prêmio final. Ronaldo e Célia andam debaixo de sol quente vendendo essas rifas e no final entregam o prêmio e dividem o lucro com os feirantes, donos das barracas. Só que tem uma coisa: a dona Célia adora dar uma fugidinha da feira, especialmente aos fins de semana. Mas pra onde ela vai? Estádio Doutor Francisco de Palma Travassos.



Dona Célia vai ao campo de futebol geralmente acompanhada por Vitória, namorada de seu filho, e o José Mário, que é padrinho do Wesley. O trio se acomoda nas arquibancadas e começa a gritaria: “que defesa!”, “que chute!”, “olha o gol!”, e o preferido deles, que é o “vai Wesley!”. Vitória e José Mário mais do que torcem pelo goleiro de 18 anos, hoje no time profissional do tradicional Comercial de Ribeirão Preto. Eles descrevem lance a lance o jogo para Célia Regina, que perdeu a visão há quase três décadas e luta diariamente contra as limitações da deficiência visual.



– Minha mãe perdeu a visão quando tinha 20 anos. Ela foi baleada no rosto com arma de fogo, o tiro passou pelo nervo óptico e ela passou a não enxergar mais nada. Ela sofreu bastante, ficou em coma por 20 dias e sempre me conta que não pedia a Deus para tirá-la dali, e sim que cuidasse dos filhos para que ficassem bem, porque o marido desequilibrado deu um tiro nela e ela não podia cuidar dos filhos – diz Wesley.



A deficiência visual não foi a única decorrência deste crime passional. Dona Célia ficou com a saúde instável, teve anemias, crises de meningite por conta das cirurgias e emagreceu muito. Ela encontrou apoio na Associação dos Cegos de Ribeirão Preto, a Acerp, que contribui para o desenvolvimento e inclusão de deficientes visuais. E põe inclusão nisso… Foi lá que Célia Regina, cega aos 20 anos, conheceu Ronaldo Gomes, cego desde os 16, e iniciou a história de amor que renderia um filho, nascido em 30 de julho de 1998. Wesley, claro.







– Meu pai e minha mãe enxergavam. Eles têm uma imagem do mundo, vivenciaram muito o mundo que vemos. Meu pai perdeu a visão por causa de um deslocamento de retina quando tinha 16 anos, no auge da adolescência. Minha mãe aos 20. Desde então nenhum deles enxerga nada. Aí, eles se conheceram na Associação dos Cegos e me tiveram quando os dois tinham 30 anos – explica Wesley, que vira e mexe se emociona ao falar do assunto.



– Eu sempre converso com eles e eles falam comigo que Deus tem um propósito na nossa vida. Eu não acredito em coincidência: os dois já com uma certa idade, minha mãe já tinha quatro filhos, aí fica cega, conhece meu pai e ainda tem mais um, que fui eu. Isso é por acaso? Não, não foi por acaso que ambos ficaram deficientes visuais, foi Deus que me colocou para cuidar deles e eles para cuidarem de mim. É isso que me inspira. É um propósito muito lindo, eu até me emociono só de pensar…



Filho de pais cegos, Wesley começou a jogar bola no colégio, em Ribeirão Preto. Sempre foi bom goleiro, mas nunca conseguiu entrar nas escolinhas oficiais do Botafogo e do Comercial porque as mensalidades eram muito caras. Os pais, aposentados, vendedores de rifa pra completar a renda e com o encargo do aluguel da casa nas costas, não tinham muito o que fazer. Até que a família fez uma pesquisa e viu que a escolinha do Sertãozinho, clube da cidade que fica a 20 km de Ribeirão Preto, era mais barata que a dos times locais. Partiram pra lá.



Aos dez anos, Wesley passou por uma rigorosa bateria de testes e avaliações no Sertãozinho e foi aprovado. Não só isso, aliás. Ele ganhou uma bolsa integral para treinar no Sertãozinho. Ali foi o primeiro passo de uma história que teve muito mais obstáculos do que facilidades.







– Eles me levavam todo dia para treinar em Sertãozinho, o problema de visão não influenciava em nada. Eles tinham que acordar cedo, 4h30, meu treino só acabava às 10h, aí eles iam trabalhar e só chegavam em casa 0h. Tudo isso para no dia seguinte acordar 4h30 de novo. Eu não sei o que seria de mim sem eles – diz o jogador.



O primeiro campeonato oficial de Wesley como goleiro da base do Sertãozinho foi o Paulista sub-15 de 2012, quando ele jogou com os meninos um ano mais velhos. Ele jogou a mesma competição em 2013 e no ano seguinte parou no Andraus, do Paraná, onde jogou um Estadual por indicação de um empresário. Em 2015, enfim, o primeiro time em Ribeirão Preto, que foi o Olé Brasil. Um Paulista sub-17 disputado e, enfim, o convite para defender o Comercial em fevereiro de 2016. Agora não tinha que pagar mais nada. Ele recebia para jogar!



O Comercial logo viu potencial no jovem goleiro e em agosto deste ano acertou o primeiro contrato profissional de Wesley, com validade até julho de 2018. Ele é reserva do time que disputa a Copa Paulista entre os profissionais, mas ganha cada vez mais experiência para um dia realizar seu sonho. E quase que esse sonho nem foi realizado em Ribeirão Preto…



Pouco depois de assinar o primeiro contrato profissional, Wesley foi convidado pelo departamento de futebol de base do Palmeiras para uma semana de avaliações na Academia de Futebol II, em Guarulhos.



– Apareceu essa oportunidade e eu não podia recusar. Fui pra cima, seja o que Deus quiser. Fiquei oito dias lá em Guarulhos e foi uma experiência que acrescentou muito, apesar de não ter dado certo. O treinador disse que no momento eu não era o que eles precisavam, mas que eu ficaria em monitoramento. Fiquei tranquilo, bola pra frente – diz.



Monitorado pelo Palmeiras, Wesley treinou lado a lado com Vagner, Jailson e… Fernando Prass, um de seus ídolos no esporte. O garoto de Ribeirão Preto se impressionou com a humildade do veterano goleiro do Palmeiras, com quem conversou sobre origens simples, sonhos e realidade. Uma foto é a lembrança do encontro.







Wesley já enfrentou muitas dificuldades que poderiam fazê-lo parar: dinheiro, locomoção, recusas, horários apertados, mudanças… Mas a força para superar é maior do que as dificuldades.



– Todo jogador tem seus momentos de dificuldade, algum problema de não estar treinando bem, de não estar indo para os jogos. Sempre tem. Mas toda vez que acontece alguma coisa assim comigo, passo a lembrar o quanto é mais difícil para os meus pais, de sem enxergarem irem trabalhar, fazerem as tarefas de casa e tudo mais. A dificuldade deles nunca vai passar, e eles estão sempre se superando. Nas minhas dificuldades eu posso melhorar, treinar forte e conseguir. Então eu busco inspiração neles, na facilidade com que eles constróem a superação. É o que me move.



Vai uma rifa aí?



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Forca mlk que vc ainda sera nosso goleiro e nos dara muitas alegrias com a graca de nosso senhor Jesus Cristo!

Forca mlk que vc ainda sera nosso goleiro e nos dara muitas alegrias com a graca de nosso senhor Jesus Cristo!

segue trabalhando forte nas areas mas fracas, durma com a bola acorda com ela e dedique muito e Deus vai te dar vitoria na vida

força Wesley vc vai conseguir o céu objetivo é vai poder da o melhor pro céus país

força Wesley vc vai conseguir o céu objetivo é vai poder da o melhor pro céus país

Bela história de superação e com muita luta e fé e confia em Deus vai da td certo

realidade e superação foça Wesley

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