Presidente do futebol americano alviverde é o novo arqueiro do Palmeiras

Luiz Paulo de Macedo começou a praticar o tico com arco em 2014



O Palmeiras/Raycon começa 2017 com uma novidade: Luiz Paulo de Macedo, conhecido como LP, é o novo arqueiro da equipe de tiro com arco do clube. A chegada é mais do que especial, pois o atleta é o presidente do Palmeiras Locomotives, o time de futebol americano do Verdão, e ex-jogador do clube. No tiro com arco, LP compete na categoria Composto Masculino Adulto e já está treinando com os companheiros para fazer sua estreia na próxima semana, na primeira etapa do Campeonato Paulista Outdoor.



O reforço palestrino começou a atirar em 2014, no Clube Ibirapuera de Arco e Flecha, e vai para a sua terceira temporada de competições, a primeira completa de torneios indoor e outdoor. Até então, seu foco era o indoor (realizado em ambientes fechados e a 18 metros do alvo), e em 2016 ele terminou no oitavo lugar do Campeonato Paulista, seu resultado mais expressivo. LP também participou do último Brasileiro Adulto Outdoor, em Campinas-SP, para adquirir experiência.



O Palmeiras possui uma das melhores estruturas de treinos do país, com um campo outdoor de 90 metros e um stand indoor à disposição dos atletas 24 horas por dia, todos os dias da semana, além do instrutor Alexandre Cesar, que também é arqueiro do clube. Com isso, Luiz pretende treinar no mínimo três vezes por semana, disparando cerca de 450 a 600 flechas, e consequentemente melhorar seu desempenho.



“Neste ano, com a estrutura que temos para treinar outdoor, eu espero ir bem melhor. Vai ser meu primeiro ano com o time, e eu quero vir para ajudar a galera. Eu tenho que treinar, treinar, treinar e fazer o acerto fino para subir a pontuação. Agora eu defendo uma camisa que tem um peso muito grande, que tem uma equipe muito forte, um pessoal extremamente experiente, então eu tenho que estar muito focado e pronto”, afirmou Luiz Paulo, de 37 anos.



LP naturalmente já conhecia os arqueiros do Verdão e revela sua admiração por eles e a vontade de crescer no grupo. “Todo o pessoal tem um respeito muito grande pela equipe do Palmeiras. Então, isso põe um peso em cima de quem veste a camisa, mas eu não vejo como uma pressão negativa. Se você ver os resultados dos atletas, como do Zero, Julio, Ademar, Fabio, por exemplo, você fala: ‘Eles são a elite do negócio’. Então, o fato de fazer parte dessa elite me faz querer absorver o máximo. Eles têm dez, 12, 15 anos de tiro. Eu tenho três. Estou vindo para aprender e ajudar no que eu puder. Eu sei que daqui a quatro anos, se tudo correr bem, estarei lado a lado com eles lá em cima”, disse o novo reforço palestrino.



Do futebol americano ao tiro com arco



Palmeirense, Luiz Paulo sempre gostou de esportes. Ele conheceu o tiro com arco por meio dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, principalmente com a abertura histórica do evento. Naquela ocasião, a tocha olímpica foi conduzida até chegar à flecha do arqueiro paralímpico espanhol Antonio Rebollo, que fez o disparo à Pira Olímpica, e, assim, ela Olímpica teria se acendido.



O interesse pelo futebol americano também começou nos anos 90, mas foi em 2007 que LP se tornou jogador. Em novembro do ano seguinte, o clube que defendia, o Locomotives, fechou uma parceria para representar o Verdão na modalidade. E teve início o Palmeiras Locomotives, do qual Luiz é presidente desde 2009.



Em julho de 2010, porém, sua vida de esportista teve uma reviravolta. Durante um treino, correndo sozinho, LP sofreu uma grave lesão no joelho direito, rompendo os ligamentos e o nervo fibular, entre outras complicações, o que lhe fez perder parte do movimento do pé direito. Desde então, ele não atua como jogador – sua posição era quarterback, responsável pela armação das jogadas.



“A minha lesão me trouxe ao tiro com arco, que foi o esporte que pratiquei na sequência. Eu tenho uma paixão muito grande pelo futebol americano, e essa paixão está crescendo pelo tiro com arco, tanto que foi a principal prova que eu fui ver nos Jogos Olímpicos do Rio”, contou LP, que já passou por três cirurgias e usa uma órtese no pé. Sua lesão e seu 1,95 m de altura, somados a situações de vento forte, lhe fazem perder um pouco o equilíbrio ao atirar, mas ele busca o aperfeiçoamento a cada treino para superar essas dificuldades.



“Acho que eu encontrei duas modalidades esportivas que se complementam, apesar de opostas. Nas duas, é preciso usar a cabeça e ter paciência, mas o futebol americano exige a força e a explosão, já o tiro com arco exige a calma e o controle da ansiedade. Essa transição foi muito difícil porque no arco você tem que parar, respirar, concentrar e atirar. No começo, eu armava e atirava. Hoje, essa concentração e calma me ajudam, inclusive, em tomadas de decisões frente ao time e fora de campo. E é um desafio conciliar os dois esportes. Já tiveram casos em que eu saí de uma prova de arco e fui a um jogo. Mas, se tiver que escolher, vou competir no tiro com arco”, completou LP.