6/10/2016 07:37

Ex-Palmeiras lembra cartola que fazia time se acabar na cerveja: 'Pra jogar, tem que beber'

Karl-Heinz Wildmoser, falecido em 2010, era apreciador de cervejas e charutos





Já pensou se o presidente do seu time convocasse o elenco e obrigasse todos os atletas a não só participarem da tradicional Oktoberfest como também beberem litros e litros das melhores cervejas, até ficarem completamente bêbados? Parece impossível, certo? Na Alemanha, porém, um jogador brasileiro foi testemunha de que isso é real.



Trata-se do ex-zagueiro Rodrigo Costa, que teve passagens por clubes como Palmeiras, Santos e Grêmio durante os anos 1990 e começo dos anos 2000.



Entre 2002 e 2006, ele defendeu o TSV 1860 München e caiu nas graças do presidente Karl-Heinz Wildmoser, conhecido por ser tão fã de cerveja que, em seu velório, foi homenageado com uma foto sua ao lado de um copo cheio da bebida.



"Todo ano o time fazia a apresentação do elenco para a temporada na Oktoberfest. Eu estava na mesa com o pessoal e o presidente vem e me dá uma caneca de um litro. Eu não queria beber, porque estava com vergonha, estavam todos os diretores lá e eu tinha acabado de chegar. Quando eu menos esperava, chega o presidente e enche minha caneca", conta Rodrigo, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.



"Eu lá morrendo de vergonha, suando pra c... com aquelas roupas típicas alemãs, todos os diretores olhando. Aí falei: 'Presidente, prefiro não beber'. Ele me olhou, encheu a caneca até vazar e disse: 'Como assim? Pra jogar no meu time, tem que gostar de beber' (risos)", recorda o ex-atleta.



Com autorização presidencial, Costa mandou ver e tomou todas.



"No fim das contas, todos os jogadores subiram no palco pra reger a orquestra, foi uma farra. Eu fiquei completamente bêbado, não lembro nada depois da quarta caneca (risos). O treinador ficou bêbado, o presidente saiu trançando as pernas e quase todos os jogadores também", gargalha.



"No dia seguinte, no meio da ressaca, eu só pensava: 'Imagina se fosse no Brasil?' (risos). Tem cara que se for pra Alemanha não vai querer outra coisa", dispara o ex-zagueiro, que pendurou as chuteiras em 2012.



Dono de mais de 100 jogos com a camisa do 1860 (campeão alemão na temporada 1955/56), Rodrigo Costa lamenta a morte de Wildmoser, em 2010, já que, depois que o cartola foi afastado do comando por motivos médicos, em 2004, a tradicional equipe de Munique degringolou e foi parar na segunda divisão, de onde nunca mais saiu.

Wildmoser faz a festa na Oktoberfest



"Ele era uma figura ímpar, que mantinha o 1860 em outro patamar. Depois que ele foi afastado, infelizmente o clube caiu muito", ressalta.



Além da paixão pela cerveja, Wildmoser era conhecido por ser amante de charutos e fumante compulsivo, acendendo cigarros até nas tribunas de honra dos estádios durante os jogos.



O cartola também possuia um tapete legítimo de pele de leão, mascote do 1860.



Cotovelada no primeiro treino



Rodrigo foi parar no 1860 München após o fim de seu contrato com o Grêmio, em 2001. Por meio do ex-meia Cassiano Mendes, que jogou em Palmeiras, Grêmio, São Paulo e Botafogo, o defensor agradou a diretoria do clube e foi contratado.



"Quando deixei o Grêmio, fui pra Alemanha fazer testes e recebi uma proposta da Bulgária, mas precisava de visto e tive que voltar ao Brasil. Quando fui buscar o visto, o Cassiano me ligou. Nos encontramos e ele pediu pra eu dar uma fita VHS com meus jogos que ele ia me ajudar. Fita VHS... Putz, como estou velho (risos)!", diverte-se.



Convidado para fazer testes no 1860, ele agradou logo de cara pelo estilo de jogo e acabou fazendo parte de uma das melhores equipes que o clube de Munique já formou.

Costa marca Frings, do Bayern, no clássico de Munique





"O elenco tinha o Martin Max, que foi artilheiro do Alemão em 2001/02, o Thomas Hassler, campeão da Copa do Mundo com a Alemanha, o Davor Suker, artilheiro da Copa de 1998 com a Croácia. Era um timaço!", recorda, saudoso.



Rodrigo Costa, aliás, não foi muito bem recebido em seu primeiro treino, e acabou vivendo uma situação inusitada com Martin Max. No final das contas, porém, tudo se resolveu bem.



"Eu estava acostumado com a marcação pesada no Sul, aí fui forte no Max. No primeiro lance nosso, ele me deu uma cotovelada f... Eu pensei: 'Aqui deve ser assim, marco forte e levo cotovelada'. Aí preferi nem reclamar e não falei nada, porque tinha acabado de chegar, fiquei na minha", relata o ex-Palmeiras, Grêmio e Santos.



"Depois do treino, o Max me chamou e falou: 'Rodrigo é muito bom zagueiro. Dei uma cotovelada para provocá-lo, pra ver se ele era impulsivo e ia revidar com um pontapé. Queria ver se ele era firme para jogar conosco neste final de semana'. Dito e feito: virei titular e hoje todos esses caras do time são grandes amigos meus", comemora.

Rodrigo Costa e esposa durante Oktoberfest, nos tempos em que jogou na Alemanha





Dessa época, o brasileiro guarda muitas boas lembranças, já que virou capitão da equipe e ganhou até um bandeirão da torcida com sua imagem. No entanto, as recordações dos clássicos contra o rival Bayern de Munique não são das melhores.



"Foram muitos jogos importantes, era muito legal jogar o clássico, mas quase não ganhamos partidas oficias. Acho que só ganhei um amistoso uma vez (risos). Mas pelo menos posso contar que enfrentei Kahn, Schweinsteiger, Elber, Frings, Klose...", cita.



Duelos com Klose



Falando em Klose, foi com o implacável centroavante da seleção alemã que Rodrigo Costa travou alguns de seus melhores duelos nos tempos de Bundesliga.

Rodrigo Costa x Klose: implacável





"Joguei muitas vezes contra ele. Minha segunda partida pelo 1860, por exemplo, foi contra o Kaiserslautern, que tinha o Klose e o Koller, gigantesco, na frente. Eram difíceis pra c... de marcar. Eu entendia só um pouco de alemão, mas meu técnico era austríaco e eu não entendia nada que ele falava (risos). Aí ele me mostrava o número da camisa do cara que eu tinha que marcar, o 11 do Klose. Falou que era muito bom de cabeça e pediu pra tentar anular", conta.



"No fim, ganhamos por 1 a 0 e eu fui o melhor em campo. Grudei no cara, troquei empurrão, não deixei andar. Aí acabou o jogo, fomos para o ônibus e começou a passar um compacto da partida. Tinha uma câmera que filmou só eu contra o Klose o jogo inteiro, eu igual carrapato grudado nele. O Klose ficou p... da vida, meteu o dedo na minha cara e me xingou, mas eu não entendia (risos). Eu falava pra ele, em português: 'Segue o jogo' (risos)", gargalha.



Costa, então, recebeu sermão do treinador, mas bateu de frente.



"O técnico me chamou e disse: 'Rodrigo, aqui na Alemanha você não pode fazer essas coisas. Vão ficar de olho em você, os juízes vão te marcar. Você fez um monte de falta e pênalti nele, por sorte não marcaram nada'. E eu respondi: 'Professor, o senhor me mandou marcar o 11 e pediu pra não deixar ele fazer gol. Ele fez? Não. Então, fiz meu trabalho'. Saí e voltei pro meu banco no ônibus. Acho que ele me deu razão, porque continuei como titular (risos)", brinca, antes de tirar onde e finalizar.



"Sempre marquei bem o Klose, ele nunca fez um gol em cima de mim. Se eu estivesse em campo com a seleção brasileira no Mineirão, pode ter certeza que ele jamais teria passado o Ronaldo 'Fenômeno' e virado o maior artilheiro da história das Copas!"

VEJA TAMBÉM
- Palmeiras finaliza preparação e define escalação para enfrentar o Cuiabá no Brasileirão.
- Palmeiras Recebe Reforço de Poupados em Treino Pós Vitória na Copa do Brasil
- Abel Ferreira tem nove jogos para realizar sonho da torcida palmeirense

6195 visitas - Fonte: ESPN

Mais notícias do Palmeiras

Notícias de contratações do Palmeiras
Notícias mais lidas