O Palmeiras pode não ter mais jogos até o fim de 2022, mas esta quinta-feira (22) é especial para o torcedor palmeirense. A data marca a comemoração de um dos grandes títulos da história do clube, o Campeonato Paulista de 1974, numa decisão que entrou para lenda do esporte no Brasil.
No dia 22 de dezembro de 1974, o Verdão venceu a decisão do Paulistão daquele ano com o Corinthians. Uma festa que teve vários significados, tanto por ter mantido o então jejum de títulos de de seu maior rival. Mas também por ter feito festa com um Morumbi praticamente ‘pró-‘Timão’.
O Torcedores irá relembrar a história do título palmeirense daquele ano e os detalhes que fizeram esta conquista uma das maiores na trajetória vitoriosa do clube do Palestra Itália, do começo até o fim.
O Paulistão-1974
O Campeonato Paulista daquele ano teve três fases. A primeira, chamada de ‘Paulistinha’, era composta por 14 clubes (a maioria do interior), que disputavam sete vagas na próxima fase, que seria o ‘estadual em si’. Nela, estavam já classificados outros sete clubes (Palmeiras, Corinthians, Santos, São Paulo, Juventus e Guarani).
Os 14 clubes disputariam turno e returno, com o vencedor de cada parte jogando a decisão (se houvesse um mesmo time vencedor dos dois turnos, não haveria final e este seria apontado campeão paulista). E a campanha do Verdão começou de certa forma complicada, com empates com o Saad e a Ponte Preta antes do primeiro Dérbi, em 18 de agosto. Nele, o Alviverde foi derrotado por 3 a 1 pelo Timão, com hat-trick de Zé Roberto e de virada (César Maluco havia aberto o placar para o time palestrino).
A primeira vitória viria na quarta partida, contra o Guarani (1 a 0). O primeiro turno palmeirense foi marcado por vários tropeços e nenhuma vitória nos clássicos (empataria ainda com Santos, Portuguesa e São Paulo), fechando na quinta posição e com o Corinthians vencedor do turno e classificado. Isto apesar de contar com seu grande ídolo Ademir da Guia ainda em forma e com estrelas do calibre de Leão, César, Leivinha, Luís Pereira, Dudu e etc.
O Palmeiras só viria a reagir no segundo turno, embalando uma sequência de bons resultados e que o fizeram disputar com o São Paulo o título desta parte do Paulistão e a vaga na final. E a decisão sobre quem seria o adversário corintiano ou não foi para a última rodada, que marcou outro Dérbi,
Como não havia mais chance de título direto, o time do Parque São Jorge foi com os reservas para encarar o arquirrival. E o Verdão não desperdiçou esta chance, devolvendo a derrota do turno com um 4 a 1, vencer o returno e ir à final.
A decisão
A possibilidade do Corinthians encerrar um jejum de conquistas que chegava ao 20º ano era um dos fatores que moveram a decisão, bem como a rivalidade com os palmeirenses. A partida de ida foi disputada numa quarta-feira à noite, dia 18 de dezembro, terminando com empate por 1 a 1 no Pacaembu para 35.676 pessoas. Edu ‘Bala’ fez o gol alviverde e Lance empataria para os corintianos, ambos no comecinho da partida.
O título paulista seria decidido no domingo seguinte (22). Apesar de quem vencesse seria agraciado com a taça, o Alviverde vinha de certa forma ‘pressionado’, isto pelo fato da ampla maioria dos mais de 120 mil torcedores que foram ao Morumbi serem corintianos, contra apenas cerca de 10 mil palmeirenses no estádio.
A partida teve ares de tensão durante seus 90 minutos. O Verdão era quem dominava a partida e, aos 24 da etapa final, Rivelino perdeu uma disputa de bola (na qual até hoje alguns corintianos apontam falta) e ela ficou para Jair Gonçalves. O lateral cruzou para Leivinha escorar e Ronaldo aparecer para dar a vitória e o título do Paulistão ao Palmeiras. A minoria alviverde que foi ao Cícero Pompeu de Toledo naquela tarde extravasou a alegria cantando para os corintianos ‘zum zum zum, é 21’, uma alusão a mais um ano de jejum do rival, que apenas seria quebrado em 1977 (ironicamente o primeiro ano de um jejum palmeirense que perduraria até outro encontro com o maior rival em finais de Campeonato Paulista, em 1993).
Ficha técnica
Palmeiras 1 x 0 Corinthians
Local: Morumbi, São Paulo
Público 120 522
Renda: Cr$ 2.311.658
Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschilia
Palmeiras
Leão; Jair Gonçalves, Luís Pereira, Alfredo Mostarda e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, Ronaldo e Nei
Técnico: Osvaldo Brandão
Corinthians
Buttice; Zé Maria, Brito, Ademir Gonçalves e Wladimir; Tião e Rivelino; Vaguinho, Lance. Zé Roberto (Ivan) e Adãozinho (Pita)
Técnico: Sílvio Pirillo
Gol: Ronaldo (PAL) aos 24 minutos do segundo tempo
CA: Alfredo Mostarda, Ademir da Guia e Jair Gonçalves (PAL); Ademir Gonçalves e Zé Roberto (COR)
Ronaldo Drumond, autor do gol (primo do Tostão) jogador polivalente, jogava na ponta direita e também de centroavante.