Quando cheguei em Ulsan para a cobertura a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2002, descobri que os políticos da Coreia do Sul faziam campanha da mesma forma que os políticos do Brasil, alguns deles em desfiles de carros abertos pelas ruas da cidade, falando em megafones e agradecendo a todos sem distinção. As promessas eram muitas, e as soluções para os problemas, na ponta da língua.
De uns tempos para cá, esse mesmo método de ganhar o eleitorado contagiou os candidatos a presidente de clubes de futebol, que começam a beber da água dos políticos de verdade no quesito ‘promessas que depois veremos se dará para cumprir’. É o que acontece em pelo menos três times de São Paulo: Palmeiras, Corinthians e Santos, que esquentam seus respectivos pleitos para presidente.
Os candidatos das três bandeiras, pesadas no futebol brasileiro, têm soluções para todos os problemas de seus clubes, tanto na parte social quanto no futebol, que é o mais interessante, diga-se. O Palmeiras faz seu torcedor ‘morrer do coração’ com esse time, mas seus candidatos a presidente, inclusive Paulo Nobre, o titular, ganham os eleitores prometendo mundos e fundos, dinheiro que o clube não viu nesta temporada ainda, contratação de jogadores que nunca chegaram e uma melhor gestão de um estádio que ainda não foi sequer entregue.
No Parque São Jorge, as promessas são do tamanho do clube. Um dos candidatos garante que fará esforço para trazer de volta Carlitos Tevez, que deixou o time para brilhar na Europa, e que agora está também de volta à seleção. De modo geral, os postulantes ao comando do Corinthians apostam na escolha de um novo treinador no lugar de Mano Menezes para ganhar a comunidade.
Não é diferente no Santos, onde aumentar a Vila Belmiro, trazer jogos para São Paulo e saber, por exemplo, porque o torcedor não ‘compra’ o time em sua casa são assuntos corriqueiros na disputa do pleito. Mais de 51 mil associados vão ajudar na escolha de quatro candidatos.
Os três clubes batem forte na tecla da falta geral de dinheiro, do dinheiro mal empregado e da solução para todos os problemas, de time ruim a cofre cheio. O fato é que entra presidente, sai presidente e nada muda. Não caio na tentação (gigantesca) de colocar todos os candidatos na mesma vala, no mesmo saco de farinha, porque sou forte e resisto. E também porque ainda acredito que é possível.
3447 visitas - Fonte: Estadão