Goleiro, treinador e ídolo: a carreira de Emerson Leão no Verdão

8/8/2014 08:12

Goleiro, treinador e ídolo: a carreira de Emerson Leão no Verdão

“Até hoje sou conhecido como o Leão do Palmeiras”, diz o segundo atleta que mais vezes vestiu a camisa do clube alviverde

Goleiro, treinador e ídolo: a carreira de Emerson Leão no Verdão

Todo time começa por um grande goleiro. A tradicional máxima do futebol é perfeitamente aplicada na trajetória da Sociedade Esportiva Palmeiras. Depois de arqueiros inesquecíveis como Oberdan Cattani, Fábio Crippa e Valdir Joaquim de Moraes, o Verdão foi buscar em Ribeirão Preto aquele que marcaria época na década de 1970 e seria lembrado até hoje como um dos maiores ídolos da história do clube.



Emerson Leão começou a carreira profissional em São José dos Campos, aos 14 anos, mas começou a ganhar destaque pelo Comercial, da sua cidade natal. E a vida do jovem goleiro, de família italiana e de pais palmeirenses, começou a mudar quando um ex-jogador do Verdão cruzou o caminho daquele promissor talento.



Depois de passar oito anos no Palmeiras, Valdemar Carabina encerrou sua carreira no Comercial, de Ribeirão Preto. E foi nos seus últimos passos como atleta e nas primeiras instruções como treinador que ele conheceu e indicou aos dirigentes do Verdão a contratação de Leão.





Emerson Leão, com a réplica da camisa histórica que vestiu nos anos 70 (Foto: Sergio Gandolphi)



– O Valdemar Carabina parou de jogar, mas continuou sendo técnico da equipe. Ele gostava muito de mim e me colocou em alguns amistosos. Nós fomos bem, e apareci um pouco. Naquela época o Palmeiras precisava de um goleiro. Mas era aquela escala “se tem seis, eles precisavam do sétimo”. Ele indicou meu nome e fui contratado por três meses. Eu tinha de mostrar alguma coisa nesse período e que eu poderia ser atleta – recorda Leão.



– Para minha surpresa, quando eu cheguei, o seu Filpo Nuñez era o treinador. Comecei a treinar, ele gostou e quando o titular se machucou ele me colocou para jogar.



Quando ele me colocou no time, o Palmeiras começou a ganhar uns clássicos importantes, contra Santos e São Paulo. Eu, um menino que ninguém conhecia, nem imaginava jogar. Lembro que quando eu fui entrar em campo pela primeira vez um repórter veio perguntar o meu nome. Aí comecei a jogar e deu no que deu. Nunca mais saí (risos) – completa.



Da sua estreia, em 1969, Leão só deixaria a posição em 1978, retornando ao Verdão para uma despedida entre os anos de 1984 e 1986. No período, foram quatro Copas do Mundo disputadas pela seleção brasileira, 617 jogos com a camisa do Palmeiras e a condição de segundo atleta que mais vezes defendeu o clube.



Hoje, apesar da carreira consagrada de treinador, o ex-goleiro admite ter ainda uma grande ligação com o clube. Nem mesmo a passagem pelo maior rival quando ainda era jogador, nem os títulos como técnico por Santos e São Paulo diminuíram o carinho dos alviverdes. No dia a dia, torcedores reconhecem Leão e fazem questão de relembrar seu tempo como camisa 1 do Palmeiras.



– Sou cumprimentado na rua até hoje. Eu joguei no Palmeiras, no Corinthians, no Grêmio, no Sport e no Vasco, mas não tem jeito. Onde eu passo falam: “Olha lá o Leão do Palmeiras”. Eu joguei no Palmeiras o mesmo tempo que eu joguei na seleção brasileira, mas ninguém fala o "Leão da Seleção". Está certo que eu sou de origem italiana, meus pais eram palmeirenses, mas quando você se torna profissional você gosta daquilo que você faz e se dedica ao clube em que você está. Mas claro que tem a origem, e o Palmeiras representou muita coisa para mim – diz.





Ex-goleiro diz que até hoje é cumprimentado nas ruas como "o Leão do Palmeiras" (Foto: Sergio Gandolphi)



Reconhecido como um dos maiores goleiros da história do futebol brasileiro, Leão foi peça muito importante naquele time que marcou época na década de 1970. Ao lado de Eurico, Luis Pereira, Alfredo, Zeca, Dudu, Ademir, Edu, Leivinha, César e Nei, ele fez parte de um dos maiores esquadrões do Palmeiras: a segunda Academia.



Sob o comando de Oswaldo Brandão, o Palmeiras diversos títulos. Entre os mais importantes, o bicampeonato brasileiro de 1972 e 1973, o Campeonato Paulista de 1972, 1974 e 1976. Antes disso, Leão ainda pegou o fim da geração da primeira Academia e conquistou o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1969, competição hoje reconhecida pela CBF como legítimo Campeonato Brasileiro.



– O Palmeiras ganhava muito porque merecia ganhar muito. Tínhamos adversários maravilhosos como São Paulo, Portuguesa, Corinthians, tinha o Santos de Pelé, mas ganhávamos. Teve um ano que foi exceção e o Palmeiras não ganhou apenas um campeonato, ganhou todos. Em 1972 nós conquistamos cinco títulos.



O time estava todo coordenado. Os treinadores eram calmos também. Depois do jogo eles iam falar o quê? Só parabéns. Era isso. Jogava no norte, no sul, era tudo igual. Não tinha diferença. A maneira de jogar do Palmeiras era uniforme – conta.



– Antigamente nós criávamos raízes com o clube pela longevidade e pela acolhida que recebíamos. Era um prazer jogar. Jogávamos quantos jogos tivesse no ano e com prazer. Nunca estávamos despreparados ou cansados.



Isso que criou essa longevidade e tornou o Palmeiras, através de tantos outros grandes jogadores, um esquadrão, um time acadêmico. Ser chamado de Academia é uma coisa muito séria. A média para jogar num time grande de São Paulo tinha de ser oito e hoje tem de ser quatro. É muita diferença da nossa época. Não é saudosismo, não. É a realidade – completa.



Ídolo de uma geração, Leão está eternizado na galeria de grandes ídolos da centenária história alviverde. Tanto que recentemente foi escolhido pelo público para ser homenageado com uma cadeira cativa vitalícia no Allianz Parque, novo estádio do Verdão.

Sua passagem pelo clube ajudou não apenas na conquista de importantes títulos como também na formação de uma geração de torcedores. E um deles foi Paulo Nobre, que atualmente preside o Palmeiras.



– Com o Palmeiras eu me tornei conhecido mundialmente, tive abertura na seleção brasileira, me realizei e fui feliz em conquistas. Tenho amigos de lá até hoje. Voltei duas vezes para o clube como treinador. O presidente de hoje só é palmeirense porque ele queria ver quando era criança onde o Leão jogava.



O pai dele o levou ao estádio e ele virou torcedor. Isso vale muito para qualquer atleta. Fico feliz porque a responsabilidade que a gente demonstrava foi conferida e foi assimilada por algumas pessoas – afirma.



Com carreira consagrada, Leão pendurou as luvas em 1987, mas não abandonou o futebol. Nem o Palmeiras. Depois iniciar carreira como treinador no Sport, ele assumiu o Verdão em 1989. Apesar da campanha invicta na primeira fase do Campeonato Paulista, a equipe acabou eliminada no mata-mata com uma derrota para o Bragantino.





Leão (segundo de pé, da esq. para a dir.), com a Academia de Futebol do Verdão (Foto: Arquivo / Agência Estado)



Anos depois, em 2005, ele contou com grande apoio da torcida para retornar ao clube. Após a demissão de Paulo Bonamigo, durante o Campeonato Brasileiro, palmeirenses passaram a gritar o nome de Leão nas arquibancadas, pedindo o retorno do ex-goleiro ao Verdão. A pressão deu certo, tanto que o treinador foi contratado e conduziu o time até a classificação para a Taça Libertadores do ano seguinte.



Apesar de o trabalho ter durado menos de um ano, a última passagem do treinador pelo Palmeiras deu a oportunidade ao torcedor de ver no mesmo time dois dos maiores goleiros da história do clube: Leão e Marcos.



– Eu fui treinador do Marcos, que foi o segundo goleiro que mais vezes jogou pelo clube. Ele queria parar, mas eu não deixei, fiquei insistindo e ele jogou mais uns três anos. E falava que ele ia passar a minha marca. Até isso no Palmeiras nós não tínhamos inveja de ninguém. Nós trabalhávamos um para o outro – diz Leão.



Depois de anos como jogador e treinador, Emerson Leão não sabe se o seu último capítulo de sua história com o Palmeiras já foi escrito. Uma página, porém, jamais será virada. A de admirador daquele clube que o projetou para o futebol mundial.



– Espero que os palmeirenses continuem torcendo e rezando para que o Palmeiras volte a ser a Academia.



Acho que tem gente boa trabalhando para que isso aconteça. Apoiem sem agressividade e apoiem muito, porque nós que já passamos por isso sabemos o quanto é importante o seu apoio e a sua colaboração.



Às vezes a vaia também ajuda. Eu sempre digo aos meus atletas e dizia aos meus companheiros que nós somos o sinônimo do barulho. O que fazemos dentro de campo tem repercussão na torcida. Palmeirense, eu sei que está difícil, mas continue insistindo. E contem comigo – finaliza.



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17451 visitas - Fonte: Ge

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