4/6/2020 11:21
Lopes, ex-Palmeiras, quase foi para o "Super-Milan" e para a Copa-2002: "Felipão disse que queria me levar"
No início dos anos 2000, poucos atletas jogaram tão bem no futebol brasileiro quanto Wellington Nogueira Lopes, ou apenas Lopes.
Revelado pelo Volta Redonda em 1999, ele chegou ao Palmeiras no ano seguinte, já no final da era Parmalat, e estourou de vez em 2001, terminando como artilheiro da Libertadores e levando o Verdão à semifinal do torneio.
Ao todo, fez 17 gols em 34 partidas na temporada.
Tantos anos depois, o "Tigrão", como era carinhosamente chamado pelos torcedores alviverdes, revela que o grande momento que viveu naquele início de década por pouco não o levaram para o Mundial da Coreia do Sul e Japão.
"Eu ia ser convocado para a Copa do Mundo 2002", revela Lopes, hoje com 39 anos e aposentado da bola, em entrevista à ESPN.
"Fiquei sabendo em um Palmeiras x Grêmio [11 de novembro de 2001, pelo Campeonato Brasileiro]. O Felipão me chamou de canto e falou: 'Lopes, segura sua onda fora de campo e joga do jeito que você está jogando que eu vou te trazer para a seleção e te levar para a Copa do Mundo'", contou.
Na temporada seguinte, porém, uma lesão acabou com o sonho do meia-atacante.
"Em fevereiro de 2002, nós fomos jogar contra o ASA de Arapiraca, fora de casa, pela Copa do Brasil, e eu pedi ao (Vanderlei) Luxemburgo para ficar de fora. Pedi para atuar só na volta, porque eu poderia ser convocado", lembrou.
"Só que ele me levou para a partida mesmo assim e me escalou de titular. Nessa partida, eu machuquei o joelho e tive que operar. Fiquei um tempo parado e minha chance de convocação acabou por causa desse jogo", acrescentou.
"Aí, ao invés de me levar, o Felipão chamou o Kaká", lamentou.
QUASE NO 'SUPER-MILAN'
A não convocação para a Copa-2002 foi o maior "quase" da carreira de Lopes, mas ainda há outro episódio que comprova o momento espetacular que ele viveu entre 2000 e 2001.
Enquanto destruía na Libertadores, fazendo um gol atrás do outro, ele despertou a atenção de ninguém menos que o Milan, que na época possuía um dos times mais fortes e poderosos da Europa.
Treinado por Carlo Ancelotti, o elenco rubro-negro tinha nomes como Paolo Maldini, Demetrio Albertini, Alessandro Costacurta, Andriy Shevchenko, Gennaro Gattuso, Filippo Inzaghi, Rui Costa, Andrea Pirlo, Roque Júnior, José Chamot e Fernando Redondo.
Por pouco não teve também Lopes "Tigrão"...
"Eu estive muito perto de ir para o Milan. Cheguei a ir para a Itália e fazer exames médicos em 2001, depois da Libertadores. Conheci os bastidores do clube e uma intérprete até me ensinou um pouco de italiano. Mas como eu não tinha sido oficialmente vendido, não fui ao CT em horário de treino e nem na hora que os jornalistas estavam, porque não queriam chamar a atenção", relatou.
"Acabei não acertando porque o Milan não entrou em acordo com meu empresário, aí voltei ao Palmeiras. Mas já tinha feito até os exames médicos e dado uma volta pelo CT. Infelizmente, não deu certo", salientou.
Naquela temporada, o Milan foi 4º colocado no Campeonato Italiano e chegou às semis da Copa da Itália e da Copa da Uefa. No entanto, plantou a semente para o sucesso dos próximos anos, quando conquistaria dois títulos da Champions e um Mundial, entre outras taças.
No retorno ao Brasil, Lopes viveu altos e baixos no Verdão, ficando no clube até o rebaixamento para a Série B, em 2002.
Ele parou de jogar em 2016, justamente pelo Volta Redonda que o revelou, e depois de passar por clubes tradicionais como Flamengo, Fluminense, Santos, Cruzeiro e Atlético-MG, além de ter passado três temporadas no futebol japonês.
'MINHA CARREIRA NO FUTEBOL FOI ÓTIMA'
Repassando sua vida no futebol, ele refuta a ideia de que poderia ter sido maior do que foi.
"Mais longe do que eu fui é impossível. Joguei em grandes clubes do Brasil. Eu poderia ter até jogado no Milan, que é o equivalente a ir hoje em dia para o Real Madrid, mas nessa época não era tão fácil assim sair do país", observou.
"Na minha época, havia mais bons jogadores, e, para se destacar, tinha que fazer coisas surpreendentes como eu fiz, de ser artilheiro da Libertadores e quase chegar à final. Tudo isso foram marcas muito boas da minha carreira. Hoje nem precisa mais se destacar, é só ser campeão de qualquer coisa e você é vendido por uns 35 milhões de euros (risos). No meu tempo tinha que se destacar de verdade", brincou.
Lopes é ainda mais enfático quando pensa na quase ida à Copa-2002.
"No todo, minha carreira no futebol foi ótima. Eu poderia ter disputado uma Copa do Mundo pela seleção? Acho que sim. Eu poderia chegar longe e ser tipo um Adriano 'Imperador' ou um Ronaldinho Gaúcho? Poderia. Mas se Deus quis que as coisas fossem como foram, eu fui até onde pude chegar", discursou.
"Não tenho frustração nenhuma. Nada. Fui até onde Deus quis que eu chegasse. Bola eu tinha e capacidade eu tinha", completou.
A única lamentação do ex-meia-atacante é não ter conseguido salvar o Palmeiras, que virou seu clube de coração, do rebaixamento à Série B antes de deixar o time.
"Eu fiquei muito tempo fora em 2002 [por conta da lesão no joelho sofrida contra o ASA] e voltei só para o jogo contra o Vitória [última rodada do Brasileirão 2002]. Fui para o jogo no sacrifício e até hoje sinto dores pelas infiltrações que fiz para conseguir jogar. Infelizmente nós caímos, mas não posso dizer que tive muita culpa, pois joguei pouco naquela temporada", afirmou.
"Meu coração dói até hoje por causa disso, porque o Palmeiras foi o clube que me abriu as portas e me colocou na vitrine mundial. Mexeu com a minha vida, e mexe até hoje. É o clube que amo, sou palmeirense roxo. Joguei machucado e fiz de tudo para tentar salvar o time, mas não tinha condições físicas para fazer mais do que fiz", finalizou.
Lopeeess cheiradoooor Looopes cheiradorrrr ..quem lembra curte